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No caminho com Raymundo Rolim

  1. De Raymundo prá Raymundo   (1) De nome Raymundo Filho Filho de Raymundo pai Nascido na Paraíba Eu na terra dos pinheirais Também aprendi na vida Rimar bem menos com mais Nasci meio violeiro Poeta e cantador A querer menos que tenho Pra agradar nosso senhor... Esta bela canção é também uma mini-biografia. Fale do papel que seus pais tiveram nesta tua opção pela música. RR  - Na verdade, esta canção nasceu de um livro que escrevi sobre meu pai pelos seus oitenta anos (papai faleceu há dois anos com 98). Como ele teve uma vida agitadinha assim: Sendo vaqueiro no sertão da Parahiba onde nasceu, jóquey, agitador, guerrilheiro, e com minha mãe teve dezenove filhos, achei que nos oitenta anos dele lhe cairia bem um livro, e no dia do aniversário dele, ele que deu presente pra cada filho: Um livro autografado. Então a letra desta música saiu na verdade da consecução deste livro. Fiz o mesmo com mamãe, que era nove anos mais nova que meu pai, e nos seus oitenta anos tb ela ganhou o seu liv
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No caminho com Rodrigo Madeira

1. Você nasceu em Foz do Iguaçu, em 1979. Veio menino para Curitiba. A descoberta da poesia, onde? Se meus pais me obrigassem a jogar bola, eu acharia uma merda. Se me obrigassem a comer doce, eu teria vontade de vomitar. E foi assim com a leitura. Eu era um menino solto, apesar de muito tímido. Queria soletrar amoras no pé, aprender o alfabeto dos peixes e a última piada de português. Literatura, poesia eram palavras que eu não conhecia. Eu era analfabeto. Fui analfabeto até uns 14, 15 anos. Tudo o que eu lia ou estudava era um exercício de Sísifo. Eu não conhecia a magia negra e a epifania das palavras. Eu fazia análise sintática com o desencanto de um necropsista que escolheu a carreira errada, sem a alegria que eu sentia, por exemplo, ao desmembrar formigas. E quando eu lia alguma coisa que não fosse o gibi da Mônica, aquilo não era uma possibilidade de beleza e descoberta e enigma; aquilo era um pé no saco, uma lição de Português, Comunicação Social na minha época. Eu tirava notas

No caminho com Carlos Barros

  Painho de La Mancha -ilustração do filho de Carlos Barros:  George Brayner * Em 1988 quando Carlos Barros chegou por aqui eu estava grávida do meu filho caçula Thomas e não havia retomado a escrita, o que iria acontecer apenas em 1.992 quando rabisquei meu primeiro poema depois de muitos anos. Eu enterrei por anos o sonho de ser escritora. A semente guardada no escuro de mim, aquecida. Por mais que eu me deslumbrasse diante dos poetas e das poesias não conseguia vislumbrar isto - a minha poesia saindo de mim para o papel. O “culpado” ou um grande grau de “culpa” de iniciar minha jornada poética foi mesmo do Carlos Barros. Lembro do seu interesse e uma ânsia dele, e que era mesmo a bandeira do Carlos - divulgar a poesia. Lembro do disque-poesia. Lembro que deixei por inúmeras vezes livros nos bancos das praças e nos cafés e nos ônibus. Lembro da poesia na vidraça. E sei que cada afago ou chibatada que recebo por conta da poesia tem um “culpado” lá no passado que ficou muito tempo exig