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No caminho com Rodrigo Madeira



1.


Você nasceu em Foz do Iguaçu, em 1979. Veio menino para Curitiba. A

descoberta da poesia, onde?


Se meus pais me obrigassem a jogar bola, eu acharia uma merda. Se me

obrigassem a comer doce, eu teria vontade de vomitar. E foi assim com a leitura.

Eu era um menino solto, apesar de muito tímido. Queria soletrar amoras no pé,

aprender o alfabeto dos peixes e a última piada de português. Literatura, poesia

eram palavras que eu não conhecia. Eu era analfabeto. Fui analfabeto até uns 14,

15 anos. Tudo o que eu lia ou estudava era um exercício de Sísifo. Eu não conhecia

a magia negra e a epifania das palavras. Eu fazia análise sintática com o

desencanto de um necropsista que escolheu a carreira errada, sem a alegria que eu

sentia, por exemplo, ao desmembrar formigas. E quando eu lia alguma coisa que

não fosse o gibi da Mônica, aquilo não era uma possibilidade de beleza e descoberta

e enigma; aquilo era um pé no saco, uma lição de Português, Comunicação Social

na minha época. Eu tirava notas absolutamente medíocres. E era meio dislexo,

trocava (ainda troco às vezes) “p” por “b”, escrevia “coisa” com “z”, acentuava “tu”

e “cu”. Eu só fazia poesia involuntariamente. E jamais com palavras. Não fui uma

criança de tiradas maravilhosas. Fui, isso sim, uma criança muitas vezes

constrangedora. Um dia, dentro do avião, comecei a gritar que o sujeito do meu

lado era a cara do Cascatinha, personagem do Chico Anísio. Outra vez, falei para

um deficiente físico caminhar direito.


Descobri o poema, na escola, como quem descobre uma frieira. Que merda! Eu vou

ter que ler isso?! Mas são só palavras! Depois, já na adolescência, comecei a

prestar mais atenção. Vi que elas podiam, lá do século XIX, estar falando de mim,

comigo. Mas lia apenas os esquartejamentos dos versos (excertos) de Álvares de

Azevedo, Castro Alves, Mário Quintana, Cecília Meirelles nas apostilas didáticas.

Comecei lendo para me entreter. Sidney Sheldon, Agatha Christie e –

tamtamtamtam – Paulo Coelho. Ironicamente, me interessei também por Machado

de Assis. Li quase tudo. Todos os romances a partir de Brás Cubas, quase todos os

contos. Não me lembro de muita coisa. Faz tanto tempo. Mas lembro que gostava

de sua ironia, de seu ceticismo, mesmo passando reto pela maioria das sutilezas e

das questões de estilo.

Ao mesmo tempo, meu interesse pela música crescia. Adorava os Beatles, Dylan,

Stones, Raul, The Doors, e queria sacar o que eles estavam cantando. O Jim

Morrison, que eu quis ser por um ano e meio mais ou menos, me guiou pela galeria

dos malditos: Blake, Nietzsche, Rimbaud. Eu tinha uns 15, 16 nos. E quando li

Rimbaud pela primeira vez (a biografia, claro, porque os versos eram rarefeitos

demais a minha fruição), minha vida mudou. Ele (Rimbaud) foi quem

verdadeiramente tirou minha “virgindade poética”. E me fez mal, me intoxicou, me

passou a doença venérea do pessimismo. Tomei um rumo na minha vida

perigosíssimo. Eu não estava preparado para determinadas visões do mundo. Nem

o próprio Rimbaud estava preparado para ser Rimbaud.

Nessa época, escrevi uns poemas para um concurso do colégio, e um deles foi

aceito. Brinco que escrevi o primeiro poema antes de aprender a ler, antes de ter

lido o primeiro livro. Os primeiros poemas que eu li integralmente foram os três

primeiros poemas que escrevi – horríveis por sinal.

Comecei a ficar febril. A poesia começou a me obcecar. Passei a investir nela com

intensidade cada vez maior, cada vez mais doentia. Comecei a ler os modernistas

brasileiros. Drummond. Achei uma merda. Cabral. Idem. Bandeira. Nem se fala.

Não estava preparado para aquilo, o leitor não estava maduro. Tive que voltar

infinitas vezes a estes autores para descobrir-lhes a beleza. Tive que ser teimoso.

Eram anos de analfabetismo às minhas costas. Mesmo o Gullar, meu herói literário,

foi diminuído em minha primeira leitura. Claro, comecei pela “Luta Corporal”,

aquela coisa arriscada, difícil. Não entendi porra nenhuma, a não ser o “Galo Galo”

e “A Galinha”. Mas insisti.


2.

manuel,


não só crianças, passarinhos

e andarilhos (cães vira-latas incluídos)

tem o dom de ser poesia.


ademais, os palhaços, os acrobatas,

as bailarinas...


em minha infância

fugirei sempre com o circo


E o nascimento do poeta?


O poeta nasceu, como disse, com 15, 16 anos. Um poeta péssimo. No último

degrau dos truísmos e da pieguice. Depois ele melhorou pouquinhos. A gente

aprende a fazer fazendo, não é? Como disse o Drummond, “a gente aprende a

amar amando”. Tive que escrever muita bosta para chegar a um poema bom. Tive

que guilhotinar muitos poemas para chegar a um livro. Meu livro foi feito mais de

versos e poemas descartados do que daquilo que de fato se publicou. O poeta mais

experiente tem um dívida de gratidão imensurável com o poeta de meia-tigela.

Mas posso dizer que, como criança, fui poesia antes de ser poeta. O olhar infantil

realmente é poético, mesmo sem estar aparelhado com as palavras que fazem um

poema.

A poesia transcende o poema. A poesia pode transcender a linguagem. Aprendi

estes dias que Octavio Paz, se entendi bem, falou sobre isso. A poesia é um

deslumbramento – mesmo diante do fosco, do porco, feio – que pode estar além

ou aquém das palavras. A poesia está disseminada em tudo, a espera de um

“leitor”. E está dentro da gente, esperando uma fagulha, um susto da beleza. Às

vezes há mais poesia em um vira-lata atravessando a rua do que em um poema.


(... aqui é sobre aquela fala – eu fui poesia antes de

ser poeta, isto está no poema ali... )


3.


Estamos todos exilados na infância? Esta poesia foi a vencedora do

Concurso de Poesias Helena Kolody – Categoria Paraná, em 2.006. A

infância está sempre à porta dos seus poemas pedindo prá entrar? Os

escritores e poetas estão sempre exilados no azul de antes?


A infância está em tudo. Em cada gota de sangue e de tinta. Assim como o

cadáver. Tenho muito o que aprender com o menino que fui.

Gosto de reinventar minha infância, às vezes desbragadamente, o que aliás todo

mundo faz em menor ou maior grau, com total dedicação à verdade. Quantas vezes

a criança inventou o adulto? Bombeiro, jogador de futebol, trapezista. Eu escrevi

isso num raro lance de lucidez: “minha infância eu a invento enquanto lembro”. Eu

era uma criança particularmente mentirosa. Pergunte pros meus pais. Escrever é

também niná-la ou repreendê-la. No nosso universo psíquico a coisa funciona sem

muita linearidade. A criança de 8 anos sussurra algo para o rapaz de 17. O homem


de 25 consola o adolescente de 14. É assim que se passa. Portanto, creio que ainda

estou inventando minha infância.

Agora, é um exílio. Não acredito em vida após a morte. Acho que percorremos este

caminho do ventre materno ao útero da mãe-terra. Neste intermeio, somos

cuspidos de exílio em exílio: do ventre, da infância, da adolescência, da mocidade,

da madureza e, por fim, da vida. Quando nos sentimos em casa, o tempo nos lança

numa nova zona de estranhamento. O paraíso só existe quando o lamentamos.

Mas não creio que a infância, apesar de mágica e mítica, apesar de “impregnada de

eternidade” (m. bandeira), seja um período necessária ou integralmente feliz. A

infância não é um paraíso perdido. Há muita tristeza também, muito medo,

brutalidade e insegurança. Um filme lindíssimo do Carlos Saura, “Cría Cuervos”,

fala bem sobre isso, sobre a morbidez, ainda que ingênua, que pode haver na

infância. O menino também tem muito o que aprender com o homem.

4.

(...)

o céu é uma grande ferida,

mas você está intacto: é poeta,

seu relógio

de pulso quebrou.

entra, derrama o conteúdo de sua alma

sobre a mesa.

estende, no quarto de revelação,

a foto, úmida ainda...


( fragmento de: a um fotógrafo ambulante)


Lançar um livro é estender a alma, úmida ainda, sobre a mesa? Fale sobre

a experiência da publicação do seu primeiro livro de poesias – Sol sem

pálpebras – em 2.006, através da Secretaria da Cultura do Estado do

Paraná?

Lançar um livro, no meu caso, foi como tirar a roupa no meio da Marechal Deodoro

às três da tarde. E, para alívio e certo desgosto meu, perceber que sou “invisível”.

Foi também uma forma de abandonar uma casa, de partir pra outra, de começar a

planejar a próxima “deserção”.

O livro é OK. Fiquei um pouco revoltado com o fato de o texto não ter sido

revisado, apesar de constar dos créditos que houve um revisor. Muitas vezes a

gente lê nossas coisas com a intenção que tínhamos ao escrever, e não como de

fato está escrito. São coisas pequenas, mas, quando o livro saiu, me adoeceram. O

Wilde dizia um troço assim: “o poeta pode sobreviver a tudo, menos a um erro de

edição.” Na época, tive vontade de bater no pessoal da secretaria e de queimar

tudo. Que idiota! Os erros estão lá, galhardamente, me dizendo que sou humano,


que sou falível, que sou descuidado, que a língua é a minha pátria onde sou

estrangeiro. O Carpinejar me ajudou muito nesse sentido. “Com erros de ortografia

a vida tem mais sentido”.


5.

Das influências. Os nossos faróis longínquos: os vivos, ou mortos

eternizados. Quais os poetas que te influenciam, ou influenciaram?


São tantos. Talvez todos os poetas que li, até os ruins. Até o dicionário. O Houaiss.

Rsrsrs.

Falando Sério. Não sei muito bem. Vou citar alguns nomes, enquanto faço injustiça

a outros: Rimbaud, Baudelaire, Verlaine, Nerval, Lorca, Borges, Whitman, Bob

Dylan, Allen Guinsberg, William Carlos Williams, Blake, Dylan Thomas, Ungaretti,

Maiakovski, Vinicius, Drummond, Cabral, Lorca, Bandeira, Quintana, Hilda Hilst,

Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Manuel de Barros, Lennon & McCartney, Chico

Buarque, Caetano, Leminski, Jorge de Lima, Oswald de Andrade, Adélia Prado,

Ferreira Gullar, Fabrício Carpinejar etc.

Mas o Gullar é o mais querido. Talvez o único, deles todos, que já tenha de fato

salvado minha vida.


6.

A urgência tomou conta desta época, geração fast food. Você me conta que

está reunindo poesias para o próximo livro, mas, sem esta urgência que

toma conta de tudo. A poesia deve caminhar no ritmo da natureza?

Gestada lentamente como bambu, no silêncio escuro da terra, para só

então despontar, luz que não verga? Existe uma previsão de quando

seremos tocados de encanto e beleza com um novo livro? E o que ele nos

dirá? Se puder falar sobre as poesias que entrarão neste novo trabalho.

A coisa toda ainda está em gestação. Mas penso em chamá-lo de “Pássaro Ruim”.

Alguns temas são recorrentes: minha experiência na marginalidade do vício e do

mundo psiquiátrico (meu último poema psiquiátrico, assim espero), o olhar sobre a

própria poesia e a linguagem, deus, o silêncio e a mulher (em versos livres,

sonetilhos, 1 ou 2 baladas e poesia em prosa). Acho que é por aí... Creio que a

unidade do livro pode ser dada mais por uma nova visão da vida do que por

questões de estilo ou maneirismos. Algo menos autocomiserado e fatalista. A

esperança é um fio condutor que passa mesmo pelos poemas mais amargos. Poesia

com mais entusiasmo vital. Poesia, como escrevi numa das prosas, que se

reconhece incapaz de traduzir a vida e o dia, mas que me devolve ao mundo com

meus cinco sentidos e as mãos enormes.


7. Rodrigo Madeira por Rodrigo Madeira

Sei lá. Uma identidade em trânsito, como se diz. Identidade líquida. Meio que

protéica (à Proteu). Não consigo fixar meus traços. Pelo contrário, tenho a mania e

a volúpia de, volta e meia, arruinar o meu rosto. Às vezes acordo com outro nome.

De qualquer forma, se alguém quiser uma resposta rápida, fechada e definitiva,

como não a tenho, recito o número do meu CPF. Espero nunca saber quem eu sou.

Acredito que o mistério liberta. E a poesia me ajuda nessas transições. Qual é a

minha voz, minha dicção? Sei lá. Não sei nem se procuro uma. Por enquanto tenho

tantas vozes que mal entendo o que quero dizer. A poesia me ensina: para a

contradição não há contra-indicação. “I contain multitudes”, como dizia Whitman,

uma algaravia. A poesia, pra mim, é um troço em movimento. Quando escrevi

“bilhete”, do livro “sol sem pálpebras”, por sinal o último poema do livro, algumas

pessoas (basicamente as pouquíssimas que leram o livro) acharam que eu estava

meio que anunciando um suicídio. Pode ser, é uma possibilidade. Há sempre em

nós alguém que anuncia um suicídio. Mas creio que minha maior intenção foi a de

escrever um bilhete de trânsfuga, de alguém que abandona o lar (sai de casa para

entrar no mundo), as velhas concepções de vida ou sei lá o quê. “Escrevo como

quem vive e não vai viver”. A certeza da realidade da morte me faz seguir em

frente. Não quero ser eterno. Não quero ser contemporâneo da eternidade. Não

quero que me enterrem em pé, ou coloquem algodões em minhas narinas e formol

nas veias. Não tenho a intenção de ser considerado gênio (coisa que, caso exista,

não sou. Tenho uma inteligência mediana). É claro que o aplauso e o carinho são

bem-vindos. Quem não os quer? Mas são coisas laterais, secundárias. “Não escrevo

para ficar, mas para ir embora”. Eu, que já quase morri algumas vezes, quero

viver, quero me reinventar. E creio que a poesia, esse olhar sempre novo sobre as

mesmas e velhas coisas, pode me ajudar.

Eu poderia, porém, me encostar no Jean Cocteau: “Victor Hugo é um louco que

pensa ser Victor Hugo”.

Então ficaria assim: Rodrigo Madeira é um louco que pensa ser Rodrigo Madeira.


Infância


e eu não sabia que minha estória

era mais bonita que a de Robinson Crusoé

. carlos drummond de andrade


o menino sem camisa empinava o sol

(a palma da minha mão é hoje a cartografia do exílio)

no retrato , a carranca dos avós: eternamente condenados

a fazer cara de moscou

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

O menino, sólido e leve, não sabia crer: deus é uma fumaça

tão pesada...

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

lançou a auréola no jogo de argolas


(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

o jardim da infância era o mundo. e o mundo, pequeno

como uma vila, não cabia no infinito

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

os jardineiros dormiam mortos sob os caules do azul

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

escreveu numa mensagem-de-garrafa-lançada-ao-mar:

o mar não existe!

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

d’artagnan, se não deixasse richelieu para amanhã

levava sopapos da mãe

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

iniciou-se em literatura comendo papel

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

e o desejo maciço de lavar-se em bacia de osso

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

a jangada seguia sobre um pântano de glicínias...

don juanito nos infernos, narcisando

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

e também fumava escondido, de cócoras, e gomava

as asas de urtigas e flores de ipê

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

ícaro obedecia a sua natureza de filho:

desobedecia ao pai

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

e uma pêra nascia no limoeiro

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

a segunda divisão panzer SS “das reich” de saúvas

carregava o chassis do louva-a-deus

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

o menino passeava com seu cão imaginário

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)

à margem de teixos roendo-se em silêncio, especulava

as águas: iscara um anzol de nuvens para apenas roçar

o que foge, passarinhado...

(a palma da minha mão é a cartografia do exílio)


.................................................................


mas há de sempre trocar de pele e carnes,

pois seu corpo é sua estória...


(a palma da minha mão é o registro do que morro:

o menino me recomeça)


foz do Iguaçu

r. do angico, das paineiras, acácias,

r. do cedro, das nascentes, pôr-do-sol...

estas ruas cresceram a dar em mim

e crescerão ainda mais, até fanarem,

morrerem

(não para outros).

estas ruas em que deixei,

menino de tudo,

cascas de ferida e medo de iodo.

Estas ruas que não me deixaram

- como negativos, entre outros,

em ventrículos da memória;

como curtas-metragens

projetados no lençol

que a mãe estendeu no varal à tarde.

ao verdor da relva e da vida,

o menino isolou a bola...

- eu é que não vou buscar


nu fechando a porta

teu corpo nu

sob a torneira

de tanto orvalho

teu corpo nu

é todo feito

de abertos lábios

navegadura

em manhã clara

traduz o sol

para o alfabeto

das coisas líquidas

o mar vai sempre

arrebentar

em tuas costas

.

.

bilhete


escrevi um verso

um poema

um livro

e daí?

se a esquadria do que escrevo

não me assegura

o esqueleto de água

se vou morrer

se vais morrer

se vai morrer a língua

em que escrevo

se vai morrer o país

que fala minha língua

e todas as linguas de todos

os países que falam

por que esta teimosia

de escrever?

por que não deixar

o passado fedendo

o futuro mentindo

inpunemente

o presente apenas

o que já vai deixando de ser

escrevo como quem

vive e não vai viver

não como quem

à visitação pública

em terras de amanhã

se enraíza a flora

eu escrevo não para ficar,

meu amor,

escrevo para ir embora

.

Rodrigo Madeira nasceu em 1979, em Foz do Iguaçu. 1° lugar no - Concurso de Poesias Helena

Kolody, 2006 – Categoria Paraná - com o poema – Infância. Em 2.007 seu poema insetos recebeu

menção honrosa no mesmo concurso, em categoria nacional. O livro "Sol sem pálpebras" é parte da

coleção “Sesquicentenário” da Secretaria da Cultura do Estado do Paraná.

Bárbara Lia é poeta e escritora. Vive em Curitiba. Livros publicados: O sorriso de Leonardo (Kafka ed. -

2.004), Noir (ed. do autor – 2.006), O sal das rosas (Lumme editor – 2.007), A última chuva (ME – ed.

alternativas – MG – 2.007). Solidão Calcinada (Secretaria da Cultura / Imprensa Oficial do Paraná,

romance finalista do Prêmio Nacional do Sesc 2.005 - Site www.chaparaasborboletas.blogspot.

E-mail: barbaralia@gmail.com

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